O AMOR LÁ FORA
por Regilene Rodrigues Neves

Às vezes eu chego à sacada da alma
Para olhar a lua lá fora
Contemplar estrelas e sonhar
A noite parece pulsar seus desejos
Um cheiro de prazer conspira
Nos amantes que atravessa a rua...

Volto para dentro de mim
E olho arredor
Rabiscos de sentimentos jogados
Rascunhos de ilusão e restos de emoção
Misturados no coração...

Esboço uma disfarçada alegria
Deixo escapar um sorriso
Para poesia que vejo lá fora
Tento deixar sobreviver um verso de amor,
Mas as entrelinhas tristes confessam minha dor!

A solidão se arrasta numa corrente envolta
Num olhar poético solto fantasias aprisionadas
E passo a sentir gosto de beijo nos lábios
A boca molha enquanto o corpo arrepia
Um frisson aquece paredes frias no meu íntimo
Ao ver o amor dos casais quis para mim também
Passei a delirar imaginando um encontro...

Depois de tanto tempo tinha esquecido de sentir
Fui vivendo por viver sem perceber
Que o amor dentro de mim tinha morrido
Depois de tanta solidão aprendi a ser só
E nem sabia mais falar de amor...

Só às vezes debruçada sobre o papel
Acordava sonhando uma poesia cheia de sentimentos,
Mas sempre deixava escapar minha dor
Numa saudade ausente
Nas minhas palavras carentes...

Sempre que falei de amor
Ele tinha partido
Sem nenhum subterfúgio aparente...
Acabei descobrindo que nunca soube amar
Os poucos carinhos me causaram obsessão
Queria logo tomar posse do coração
A carência se refugiava
Na necessidade de ser amada
E logo o amor fugia e se perdia de mim...

Algumas vezes meu corpo reagia
Se prendia nas minhas sentimentalidades
Ouvia o coração dentro de um grito surdo de amor
Nesses momentos sempre olhava para fora
No meio da noite e via passar os amantes
Que deixavam para trás seu perfume de sensualidade
Que entrava pela sacada da minha alma
Exalando da pele cheiro de amor!...

Mas outra realidade me pertencia
Era somente poesia que acariciava minha dor
Voltava para dentro de mim
Meus pertences ali solitários
Paredes vazias impregnadas de desilusão...

Outro poema suspirava na minha alma
Fechado no medo de se entregar
Que tantas vezes fora para não voltar
Até me esquecer de amar...

Em 21 de novembro de 2009


Nenhum comentário:

Postar um comentário