OLHANDO PELA JANELA

A chuva cai lá fora
Pela janela escorre
Molhando a rua em frente
Como se minha alma chorasse
A dor contida dentro de mim
E escorresse para fora meus sentimentos
Sempre vistos por trás do meu sorriso...

À medida que cai
Correndo calçada afora
Pingando aqui e acolá
Se misturando a minha solidão
Descrevendo do meu íntimo
Um corredor molhado
De todas as lágrimas que chorei
Pondo do avesso   
Um lugar reservado
Onde habitei em secreto
Meu lúgubre
Onde outrora refugiei minha dor
De tantas algures do passado...

Em alguma parte, me guardei
Entre páginas abertas
Deixei escapar folhas em branco
Que nunca escrevi
Por medo de machucar
O mesmo lugar outra vez...

E repetir na chuva lá fora
Molhando as paredes úmidas de outrora
A mesma sina de infortúnios
Dantes marcada em meu destino...

Da tempestade eu me abrigo
Olhando pela janela...

Regilene Rodrigues Neves
Em 08/04/2019







O CAMINHO DO BEM

Por onde passa o amor
Construímos uma ponte até o coração
Abrimos caminhos para o bem
Estendemos ao próximo
O mesmo que queremos para nós...

Troque de lugar,
Troque de dor, troque de amor,
É preciso para nos sentirmos humanos.

A travessia nem sempre é tranquila
Há tempestades, aflições, ilusões...
Dias nublamos são carregados de ensinamentos,
Para enxergarmos a luz.

A escuridão não é o fim, mas a travessia
Entre a nossa zona de conforto
E as nossas lutas de aprendizagem,
Para melhorarmos o encontro com o nosso bem.

Não tenha medo
Não apavore os dias
Sinta o tempo agir a seu favor
Sem essa metamorfose
Não transformamos o que de ruim
Plantamos para nós mesmos.

Somos seres humanos
Numa humanidade desumana,
Pela falta de alimentarmos o coração
Um terreno árido que precisa
Regar todos os dias,
Passar por estações
Sentir invernos de ingratidões
Até estarmos prontos para a colheita.

Se não plantarmos sementes de gratidão
Não haverá frutos para colhermos,
Para que haja fartura de amor
É preciso molhar a terra onde pisamos.

Molhe o outro de lágrimas,
Chore sua dor, compartilhe,
Para que o outro o abrace
Dispa-se do orgulho
E do ego que te aprisiona
Nesse lugar desumano.

Troque de lugar
Inverta as aparências
Mostre seu coração.

Quanto mal nos causamos
E sequer damos conta
Muitas vezes, até mais,
Que para aquele que apontamos.

Siga o caminho do bem
Não olhe para quem aponta...

Regilene Rodrigues Neves
Em 08/04/2019