O SORRISO DA VIDA
por Regilene Rodrigues Neves

Ah! O sorriso da vida.
Eleva-nos ao prazer absoluto...

Seu êxtase compreende
Enxergar a beleza do universo
Ouvindo o barulho da vida
Soprar alegria da alma
Enquanto embriagamos de felicidade
Experimentando o sentir
No cheiro das manhãs vestidas de sol...

A luz de Deus se agiganta nos céus
E nos abraça de esperança
Num carinho de Pai
Abençoando nossos caminhos...

Enquanto a aurora
Esparrama sua magia
E um frasco de poesia
Derrama versos sobre a terra
Perfumando nossos dias
Com essências de amor...

Viramos meros poetas
Para que as tristezas se dissipem
Nas nuvens que mudam de lugar
Enquanto a alma fica a sonhar
Sentindo um abraço de paz...

A sorrir
A vida parece brincar
A liberdade corre descalça
Rodopia soltando as amarras
Dos dias tristes
Presos nas intempéries do nosso cotidiano...

E assim o sorriso da vida
Inebria toda alma
Para agradecermos mais um dia
Que amanhece orvalhado
De gotas de otimismo arrebol do universo
Cuja poesia é versos
Feitos de estrofes de alegria
Para que a alma sorria...

Em 17 de maio de 2012


LEMBRANÇAS DE UMA MÃE
por Regilene Rodrigues Neves

Olhei para meu ventre
Adentrando as lembranças...
O exame positivo
Confirmando que seria mãe...

O que era ser mãe?
Ou como seria ser mãe
Num ser completamente despreparado
Naquela altura da sua vida
Já tão cheia de marcas...

Andando solitária pela rua
Com o resultado na mão
Fui me questionando...

Tantas interrogações e incertezas
Foram se aninhando no meu peito
O medo e o pânico
De sem saber como lidar
Com esse resultado positivo
Simplesmente paralisavam-me.

Mesmo já nos meus vinte três anos
A minha idade mental
Ainda era de uma menina tímida e sofrida
Que se apegou ao primeiro amor
Para acariciá-la um pouco das mazelas
Que cercaram sua vida...

Além da carência material
Em que fui criada
Havia uma enorme carência de amor na alma
Gerada por meus infortúnios...

Como ser mãe com essa herança
Para dar a um filho?

Pensei mil coisas num segundo
Até num aborto,
Mas imediatamente a culpa
Por esse pensamento
Feriu-me por dentro
E logo pedi perdão a Deus!

Naquele instante
Vesti-me de mãe
Transformei-me em leoa
Para defender minha cria
E em guerreira para vencer as batalhas
Que sabia seriam muitas...

A primeira seria as rejeições
Do pai e da própria família
Além de todo preconceito
Que enfrenta uma mãe solteira
Numa sociedade hipócrita.

Foram dias e anos de lutas desiguais
Para uma mulher nas minhas condições
Ainda com traços ingênuos e inocentes na alma
Teria que vencer a mim própria
Uma vida já tão sensível e frágil,

Mas a maternidade vem de Deus
E nos prepara corpo e alma para ser mãe!

Suportamos coisas
Que simplesmente não sabemos explicar
Tamanha grandeza que é ser mãe.

E assim ainda estou aprendendo a ser mãe
Com toda sua intensidade e força
Que um dia sustentei no ventre
Para gerar e amar meu filho
E no momento de concebê-lo
Deus se fez onipotente e pai
Preparando-me para a magnitude da criação!

Só tenho a agradecer a Deus
A graça que me foi concedida
Por duas vezes numa linda menina
Hoje com vinte e cinco anos
E num belo menino completando treze
Através deles conforto minha alma
Visto de alegria meus dias tristes
E sorrio para a vida
Mesmo ela tendo pegado pesado comigo
A felicidade de ser mãe é absoluta!

Em 11 de maio de 2012







UMA HISTÓRIA DE AMOR DE MÃE E FILHA
por Regilene Rodrigues Neves

O nosso poema
Está todo esse tempo no meu peito
Às vezes cheio de amor
Outras vezes cheio de mágoas
Numa barreira muitas vezes intransponível
De um lado meus sentimentos presos
No teu lado cheio de orgulho
Enchendo-me de incertezas e medos

Quantas vezes sonhei com o teu colo
Numa lembrança da minha infância
Voltei lá no teu ventre para me abrigar
Quis recomeçar concertar
Esse caminho dilacerado de dores
Que nos separou...

Carências minhas
Multiplicaram-se num amor
Misturado de pai e mãe!

Cresci construindo sonhos
Perfeitos de nós duas
Alimentei nosso amor
De mãe e filha
Fiz de ti meu espelho
Refletindo garra força e coragem
Para que eu também pudesse vencer...

Sobrevivi quando a vida
Parecia se esvair de mim
Queria continuar acertar nossas diferenças
Para um dia cheia de amor te abraçar...

Meu amor ficou frágil e sensível
Ganhei asas de poeta para voar
Além desse lugar
Que me impediu de te abraçar
Fiz dele poesias soltas no ar...

Trago o beijo na tua face
Nos meus lábios,
Mas ainda trago meus medos da infância
Um dia sem querer rejeitou o meu abraço
Naquela criança
Ele cresceu em forma de rejeição
Nunca mais fui à mesma menina
Que apenas procurava carinho de mãe...

Sei que não teve culpa
Apenas eu que guardei sentimentos...

Mas hoje eu cresci
E a maternidade me ensinou algumas coisas
Que antes não assimilava
Então eu te perdoei
E no peito te carreguei
Num poema de mãe!

Não me tornei a filha dos teus sonhos
Perdi-me nas minhas carências
Deixei que elas tomassem proporções
Maiores que a razão
Vivi para meu coração abandonado
Tentei preenche-lo de amor de pai e mãe
Num outro amor que me arrancasse essa dor,
Mas fracassei por não ser substituível...

Cometi tantos erros
Que agora sei entender
Dentro de mim ainda mora
Uma criança amedrontada
Que por vezes chora de carência
O amor virou para mim um precipício
Onde cai e não consigo voltar
Tenho medo de amar

Porque o amor para mim
Não teve alicerce
Construí meus castelos na areia
Procurei um príncipe
Que nunca existiu
Sonhei fantasias que nunca abracei
Muitas vezes quis tomar posse
Do que nunca foi meu
Por necessidade de amar e ser amada

Sofro o medo
De ter passado para os meus filhos
Minha frustração
E continuar uma amarga geração...

Mãe
Peço-te perdão por me sentir assim
Tenho-te como um exemplo de mãe
Apesar desse sentimento
Cheio de culpas
Que me afasta de ti
Para mim fostes sempre uma guerreira
Que no seu campo de batalha
Teve que matar seus leões
E ainda sobreviver para os teus filhos.

Meu amor
Talvez fique entalado em vida,
Mas sempre será um poema lindo de Mãe!

Te amo e te amarei para todo o sempre...

Em 22 de maio de 2009


   


ETERNA SAUDADE
(Victor Pires Neves – in memoriam)

Saudade agasalha meu peito
Lembranças ainda aninhadas no meu ventre
Veste-me de ti meu filho...

Hoje completa três anos
Daquele dia infeliz e cruel que nos separou
Levando-o brutalmente de nós,
Mas nunca irei te abandonar
Meu maluco beleza!

Todos os dias disfarço minha dor
E me apego a minha fé para continuar...
Faço das alegrias que compartilhamos
Alento para minha alma cheia de saudade...

Todos os teus sorrisos estão dentro de mim
Aliviando-me da angústia de não poder abraçá-lo,
Mas sussurro do meu coração o quanto te amo
Um amor inteiro, único e verdadeiro de Mãe!

Capaz de me dar força e esperança
Que um dia iremos nos reencontrar...

Teu abraço está nos meus braços
Carrego-o envolto a mim
Como um escapulário
Devotando-te meu amor
Entrelaçando-nos mãe e filho
Num laço que não se desfaz nem com a morte.

Vou seguindo em frente levando esse enorme vazio
Que só uma mãe que perdeu um filho é capaz de sentir...

Grito minha dor dentro de mim
E sorrio para a vida
A minha missão ainda tenho que cumprir aqui...

Agradeço a Deus
E me conforto nos vinte e cinco anos
Que ele me permitiu junto a ti.

Não te esqueço um só segundo...

Faço-me de forte,
Mas por dentro estou frágil
E carente de ti meu filho...

por Regilene Rodrigues Neves

Em 04 de maio de 2012


Obs: Wilma usei minha sensibilidade para captar sua alma de mãe e escrever-lhe esse poema nesse dia carregado de lembranças do nosso amado Victor Pires Neves... Conte sempre comigo, tentarei ser sua porta voz usando o meu dom para que ele nunca seja esquecido... Força nós te amamos!