O GOSTO TRISTE DE UMA SAUDADE
por Regilene Rodrigues Neves

O sabor da lágrima nos meus lábios
Tem gosto triste
Choro meditando as lembranças
O livro do passado
Se abre num capítulo de saudade
Que escorre sua melancolia no travesseiro...

O amor deitado em meu peito
Acariciava meu coração
Desalinhava meus sonhos
Beijava minhas ilusões de esperança...

Soprava odes ao vento
E o tempo levava para o front meus desejos
Corria atrás de devaneios
Seguia passos na areia
Para estar em teus braços
Mesmo que nesse abraço
Não houvesse amanhã...

Hoje nossa história existiria
Contada sem segredo ao pé do ouvido
Que ouvia em silêncio sussurros de amor!

Lábios que essa lágrima sente
Sorriu para os teus
Beijou de amor tua boca
Que veio a sentir arrepios
Num frisson da espinha
Dilatada de orgasmos de prazer
Em noites de volúpias
Ávidas entre lençóis
Molhados pelo suor inflamado da pele
Que evaporava sugada por frêmitos de loucuras...

Então o amor dormiu em versos profundos
Sentindo sentimentalidades no coração
Ouvindo quimeras ao longe
Por trás da saudade...

A lágrima é absorvida
Ao sabor intrínseco
De uma poesia
Que chorou lembranças de amor!...

Em 26 de julho de 2009

RASCUNHOS DE UM POETA
por Regilene Rodrigues Neves

Uma lágrima visita meu olhar
Choro nesse encontro triste
Que escorre molhando minha face
Saudades se misturam
Por um caminho ausente...

Li e reli aquela última poesia
Que o passado levou
Um rascunho que amassei
E joguei dentro de mim
Num canto do meu peito
Vários pedaços de estrofes sem fim
Ali se juntaram...

Versos e versos a reverso
Do meu avesso revirado
Tentando achar palavras
Para minha despedida...

Escrevi meus últimos sentimentos
Restos das sobras de um poeta
Que tentou plagiar sua alma
Lá onde sua paz existiu
Em efêmera poesia...

Gritei meu silêncio
Em rimas sem rimas
Alcei poemas em mar de ilusões
Fingi minha sutil alegria
Num sorriso que jaz no canto do lábio
Dormindo em epopéias de sonhos...

No chão uma poça encharcada
De tudo o que chorei
Alguns rascunhos
No meu peito separei
Outros: rasguei sem remorso!

Sobraram algumas páginas escritas
Na gaveta amarelam as letras
Que quiseram copiar minha alma
Para que o tempo me lesse
Na saudade do passado...

Minhas lembranças ainda vivem
Saudades minhas irão existir
Sempre que um papel em branco
Traçar as linhas do horizonte
Uma ode nasce no infinito
Mesmo que hoje me despeça
Jogarei meus rascunhos dentro de mim...

Em 20 de julho de 2009