DESABAFOS DA ALMA
(por Regilene Rodrigues Neves)

É tão fácil olhar e criticar o próximo
Enxergar na vida dele
Só o que você acha que é e quer que seja.
Quem se importa com a sua dor
Com os sofrimentos que já passou e passa...

Sim. Muitos foram escolhas
E são consequências,
Mas uma criança
Não escolhe passar fome
Não escolhe ver sua mãe
Apanhar do seu pai
Com você no colo
Não escolhe ter um pai alcoólatra
Que espanca sua família
E uma vida miserável
Que vão render-lhe traumas pra toda uma vida...

Que mesmo você lutando desesperadamente
Pra que isso não lhe afete
E que você irá vencer,
Lá no íntimo não é assim que acontece...

A dor e o medo de uma criança
Lutando sozinha pra entender por quê?

Ainda sobrevive na alma
E ela se perdeu em meio a sua luta desigual
De carências e sofrimentos
Que lhe foram atropelando pelo caminho
Amontoando-se em fracassos
Sobre um alicerce construído das suas rejeições
Que ninguém viu ninguém sabe ninguém se lembra...

Somente a alma guarda sua dor
E vai sobrevivendo vendo seu próximo
Atirar-lhe pedras pelo caminho
Enquanto você segue se autoflagelando de culpas
Olhando para trás e se vendo
Num rastro de fracassos do seu infortúnio...

Mas quem se importa que se dane
Antes ele do que eu
E do nosso egoísmo faz-se a humanidade
Que segue sem se importar
Com a vida do seu semelhante
Só interessa como ele enxerga você hoje
O ontem passou ninguém viu ninguém sabe
Como isso lhe afetou...

Em 29 de abril de 2013


2 comentários:

  1. Que poema fantástico... revestido de uma realidade incrível, que frequenta nossa vida, hoje, e sequer lhe damos o devido crédito... é a acomodação, a zona de conforto, nossa, e de cada um, nesse mundo tão desprovido do 'amor ao próximo'... Parabéns, Regilene, pela sua postura.
    Bjs. Célia.

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  2. Bom dia minha querida !
    O amor reina sempre por todos os lados e,você sabe muito bem expressar lindamente em um desabafo poético...
    bjsssssssssss

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